Se você está procurando aprender mais sobre o café, chegou ao lugar certo.
Embora o tema seja amplamente discutido em livros, vídeos e outros conteúdos, poucas fontes realmente exploram o que o café é de fato.
Este texto não é técnico, mas traz uma visão completa sobre o café, seu cultivo e suas características.
Uma das primeiras surpresas que você vai descobrir é que o café é… um fruto!
Isso mesmo, e muitas pessoas, até mesmo apaixonadas pela bebida, não sabem disso.
Vamos explorar temas como a família Rubiaceae, o gênero do café, a origem do Café Arábica e muito mais.
Confira os tópicos que vamos abordar neste texto:
- Família Rubiaceae: famíia do pé de café
- O que é família e gênero
- Família Rubiaceae
- Gênero do café
- Origem do Café Arábica
- O pé de café ou cafeeiro
- Temperaturas ideais para o cafeeiro
- Quantidade de chuva ideal para o pé de café
- O fruto do café
- Colheita do fruto do café
- Bienalidade da Produção
- Resumo do texto Sobre o Café
Genealogia do café
Vamos começar explorando a genealogia do café no universo da botânica.
No livro Café Arábica: do plantio à colheita, o autor nos apresenta o cafeeiro, conhecido popularmente como pé de café, que pertence à família Rubiaceae e ao gênero Coffea.
Mas o que significam, exatamente, “família” e “gênero”?
Esses termos fazem parte da taxonomia biológica, que é a metodologia usada para classificar as espécies de seres vivos, tanto vegetais quanto animais.
A taxonomia facilita o agrupamento dos seres com base em suas características comuns.
Para entender melhor, imagine uma hierarquia de classificações, com o “reino” sendo a categoria mais ampla, e os gêneros agrupando espécies semelhantes.
O gênero é, portanto, uma das categorias mais básicas da classificação biológica.
Família Rubiaceae
A família Rubiaceae é a quarta maior família das Angiospermas, com cerca de 611 gêneros e 13.150 espécies.
Essa diversidade faz dela uma das mais importantes famílias de plantas.
Dentro dessa família, o café se destaca, o que a torna conhecida popularmente como a “família do café”.
O cafeeiro, pertencente ao gênero Coffea, é uma das espécies mais notáveis da Rubiaceae, sendo responsável por uma grande parte da produção mundial de café.
Além disso, outras plantas dessa família têm importância econômica e medicinal, o que destaca ainda mais o papel crucial da Rubiaceae na botânica.
Gênero do café
O gênero Coffea L., pertencente à família Rubiaceae, inclui 104 espécies, divididas em dois subgêneros: Baracoffea e Coffea.
O subgênero Baracoffea inclui poucas espécies de relevância comercial, enquanto o subgênero Coffea abrange as espécies mais conhecidas e cultivadas, sendo responsáveis pela produção mundial de café.
Dentro do subgênero Coffea, três espécies se destacam comercialmente: Coffea arábica (café arábica), Coffea canephora (café robusta) e Coffea liberica (café libérica ou excelsa).
Coffea arábica: A espécie mais cultivada e consumida no mundo, representa cerca de 60-70% da produção global de café.
É conhecida por seu sabor mais suave e aromático, sendo preferida em cafés gourmet.
O café arábica é cultivado principalmente em altitudes elevadas e em climas mais frios.
Coffea canephora (robusta): Responsável por cerca de 30-40% da produção mundial de café, o café robusta é mais resistente a pragas e doenças, e possui uma maior concentração de cafeína.
Seu sabor é mais forte e amargo, sendo comumente usado em blends e cafés instantâneos.
Robusta é cultivada em regiões com clima quente e úmido, em altitudes mais baixas.
Coffea liberica: Embora seja menos comum, o café libérica tem uma produção limitada, principalmente em países como as Filipinas e Malásia.
Seu sabor é distinto, com notas frutadas e florais, e é menos popular do que as duas espécies anteriores. A
Coffea liberica é cultivada em climas mais quentes e regiões com altos níveis de umidade.
Além dessas, existem outras espécies de Coffea, mas elas têm importância econômica menor, sendo usadas principalmente em estudos botânicos ou em culturas regionais.
Origem do Café Arábica
O café arábica (Coffea arabica) tem sua provável origem nas regiões montanhosas da Etiópia, mas foi no Iémen que sua cultura foi aprimorada e expandida para o restante do mundo.
Hoje, o café arábica é o mais produzido e comercializado globalmente, representando cerca de 60-70% da produção mundial de café.
O café arábica é altamente valorizado por seu sabor suave e aromático, com notas que variam de frutadas a florais, dependendo da região de cultivo.
Sua origem remonta aos primeiros cultivos no Iémen, onde foi cultivado nas regiões montanhosas para ser comercializado principalmente no Oriente Médio e, mais tarde, na Europa e no resto do mundo.
Dentro da espécie Coffea arabica, existem várias variedades que desempenham um papel importante na qualidade e sabor do café. As duas principais variedades são:
Típica: Considerada a variedade base da Coffea arabica, é cultivada principalmente em regiões de altitude elevada.
Tem um sabor suave e equilibrado, o que a torna popular entre os apreciadores de café de alta qualidade.
Bourbon: Uma das variedades mais apreciadas, o Bourbon é cultivado principalmente em países como Brasil, Guatemala e África Oriental.
Seu sabor é mais doce e encorpado, com uma acidez moderada, tornando-o uma escolha preferida em cafés gourmet.
Além dessas, outras variedades derivaram do cruzamento do café arábica com o café robusta (Coffea canephora).
Esse cruzamento resulta em variedades híbridas que buscam combinar as qualidades de sabor e aroma do arábica com a resistência e produtividade do robusta.
Esses híbridos são mais comuns em regiões com condições adversas, como a baixa altitude, onde o arábica sozinho não prospera tão bem.
As variedades de café arábica são fundamentais para a produção de grãos de alta qualidade, e seu cultivo está frequentemente associado a métodos mais especializados, como a colheita manual e o processamento cuidadoso, o que resulta em um café de sabor refinado e complexo.
O pé de café ou cafeeiro
O cafeeiro (Coffea), também conhecido como pé de café, é o arbusto responsável pela produção dos frutos que, após o processamento e torrefação, se transformam na bebida que tanto apreciamos.
Essa planta é nativa das regiões tropicais da África, mas seu cultivo se espalhou por diversas partes do mundo, especialmente nas zonas tropicais da América Latina, África e Ásia.
A planta do cafeeiro pode variar em altura, chegando a medir entre 2 e 5 metros, dependendo da variedade e das condições de cultivo.
O cafeeiro apresenta caules robustos e folhas persistentes, com formato elíptico e uma coloração verde brilhante.
Suas flores são pequenas, brancas, e se agrupam em glomérulos, ou seja, em cachos compactos.
Um aspecto interessante das flores do cafeeiro é que elas são hermafroditas, o que significa que cada flor tem tanto os órgãos masculinos quanto femininos, permitindo a autofecundação.
O desenvolvimento do cafeeiro, desde o florescimento até a produção dos frutos, é fortemente influenciado por fatores ambientais, como a temperatura e a quantidade de precipitação.
Condições climáticas ideais são cruciais para a qualidade e a produtividade da planta.
De acordo com o livro Cultivares, produzido pela Embrapa, as condições ideais para o cultivo do cafeeiro são as seguintes:
Temperatura ideal para o cafeeiro:
A temperatura média anual ideal para o cafeeiro fica entre 19°C e 21°C.
No inverno, é importante que a temperatura não caia muito, mantendo-se entre 16°C e 18°C, o que favorece o desenvolvimento saudável da planta.
Quantidade de chuva ideal:
A precipitação anual ideal para o cafeeiro é entre 1.400 mm e 1.500 mm, distribuída de forma equilibrada ao longo do ano.
Durante a primavera, o verão e o outono, a planta precisa de chuvas bem distribuídas, garantindo um bom desenvolvimento dos frutos.
No inverno, é preferível que haja um pequeno déficit hídrico, com menos chuvas, especialmente nos meses de agosto e setembro, para que a planta entre em um período de repouso vegetativo, o que é essencial para o ciclo de produção.
Essas condições climáticas são essenciais para garantir a qualidade e a quantidade da produção do café, afetando diretamente o sabor e a intensidade dos grãos.
Veja também:
O fruto do café
Após a floração, que é o momento em que as flores do cafeeiro aparecem, começam a surgir os chumbinhos, que são os frutos imaturos.
Com o tempo, esses chumbinhos passam por um processo de maturação até se tornarem os frutos do café, conhecidos como “cerejas” devido à sua semelhança com a fruta de mesmo nome.
A maturação dos frutos geralmente ocorre no período frio e seco seguinte à floração.
A velocidade e a uniformidade desse processo dependem de vários fatores, como o número de floradas, a exposição dos ramos à radiação solar, a idade da planta e a variedade (cultivar) de café.
Em algumas regiões, as variações climáticas podem influenciar diretamente a qualidade e o tempo de maturação dos frutos.
Quando maduros, os frutos de café apresentam cores que variam entre o vermelho e o amarelo, dependendo do cultivar.
Dentro de cada fruto, encontramos duas sementes de formato chato, com uma casca verde, que é o endosperma que envolve a semente.
Essa casca verde é o que dá ao grão cru a cor característica e o nome de “café verde”, sendo o produto antes de passar pelo processo de torrefação.
Uma curiosidade interessante: quando o fruto do cafeeiro desenvolve apenas uma semente, essa semente é chamada de “moca”.
A semente moca é menos comum, mas pode ocorrer devido a variações naturais na planta.
Para garantir a qualidade dos grãos e evitar defeitos, é essencial que o processo de cultivo seja cuidadosamente monitorado. Alguns dos defeitos mais comuns encontrados nos grãos de café são:
Grão chocho: A semente não se desenvolve completamente, resultando em um grão menor e com pouca densidade.
Grão concha: Ocorre quando dois ou mais grãos se desenvolvem no mesmo lado do fruto, resultando em grãos deformados e com um formato irregular.
Grão imbricado: Esse defeito acontece quando o fruto desenvolve grãos em mais de dois lóculos, o que pode afetar o tamanho e a uniformidade do grão.
Esses defeitos podem ser evitados com técnicas de cultivo adequadas, como o controle do espaço entre as plantas, a irrigação correta e a escolha das variedades mais resistentes a pragas e doenças.
Colheita do fruto do café
A colheita do café é um processo crucial para garantir a qualidade dos grãos e é influenciada por diversos fatores, principalmente o clima e as características da região de cultivo.
Como mencionado, a maturação dos frutos ocorre no período frio e seco seguinte à floração, mas a uniformidade e a precocidade dessa maturação variam de acordo com o número de floradas, a exposição dos ramos à radiação solar, a idade da planta e o cultivar utilizado.
O ciclo de produção do café é fortemente dependente das condições climáticas da região, que influenciam diretamente o tempo de floração e o ritmo da maturação dos frutos.
Em regiões com duas estações chuvosas bem definidas, como algumas áreas equatoriais, a floração do cafeeiro acontece no início de uma dessas estações.
Como resultado, a maturação dos frutos não ocorre de maneira uniforme ao longo do ano.
Nesse tipo de ambiente, a colheita precisa ser feita várias vezes durante o ano, de forma seletiva. Isso significa que, ao contrário de uma colheita única, os frutos são colhidos em diferentes períodos, sendo colhidos apenas os frutos maduros.
Essa técnica de colheita seletiva é vantajosa, pois assegura que os grãos colhidos tenham uma qualidade superior, já que somente os frutos plenamente maduros são extraídos.
Por outro lado, em regiões com uma única estação chuvosa definida, como muitas áreas do Brasil e de outros países produtores, a floração ocorre de forma mais uniforme, geralmente no início da estação chuvosa.
Nesse cenário, todos os frutos do cafeeiro tendem a amadurecer mais ou menos ao mesmo tempo. Assim, a colheita é realizada de uma vez só.
Porém, como os frutos não amadurecem simultaneamente, alguns estarão ainda verdes, enquanto outros já estarão maduros.
Portanto, após a colheita, é necessário realizar a separação dos frutos verdes e maduros, um processo que exige maior atenção e cuidado, mas também contribui para a manutenção da qualidade do produto final.
A colheita manual, em que os trabalhadores selecionam os frutos um a um, é preferível em muitas situações, especialmente para garantir que apenas os frutos maduros sejam colhidos.
Embora a colheita mecanizada seja mais rápida e eficiente, ela pode resultar na mistura de grãos verdes com maduros, afetando a qualidade do café.
Após a colheita, o café é processado para retirar a polpa e as cascas, um passo essencial para preparar os grãos para a torrefação.
Quanto mais cuidadoso for o processo de colheita e de manejo pós-colheita, melhor será a qualidade do café que chega aos consumidores.
Bienalidade da Produção
A bienalidade da produção é um fenômeno interessante e importante na cultura do café, e é amplamente abordada em obras especializadas, como no livro Café Arábica.
Esse conceito refere-se ao ciclo alternado de produção do cafeeiro, em que, em um ano, a planta tende a produzir muitos frutos, enquanto no ano seguinte, ocorre uma queda natural na quantidade de frutos produzidos.
A bienalidade é resultado de um processo biológico complexo que envolve a competição por recursos dentro da planta.
Durante o ciclo de produção, os frutos do cafeeiro competem com os novos ramos por nutrientes e água.
Embora a planta precise de ambas as substâncias para o seu crescimento e desenvolvimento, os frutos do café têm prioridade no uso desses recursos.
Como resultado, o desenvolvimento dos novos ramos é prejudicado, afetando o crescimento da planta e, consequentemente, a sua produção no ano seguinte.
Essa alternância entre anos de alta e baixa produção pode ser explicada pela forma como a planta distribui sua energia.
Em um ano de boa produção, o cafeeiro investe muitos recursos na formação e maturação dos frutos, o que leva a uma diminuição no desenvolvimento dos ramos e na saúde geral da planta.
Como os novos ramos não se desenvolvem adequadamente, o cafeeiro fica menos preparado para a próxima safra, resultando em uma produção reduzida.
No ano seguinte, com a planta mais equilibrada e menos sobrecarregada pela produção de frutos, o cafeeiro pode ter um ano de maior crescimento e formação de novos ramos, o que, por sua vez, contribui para o aumento da produtividade na safra seguinte.
Esse ciclo alternado é natural, mas pode ser modificado ou atenuado com práticas de manejo adequadas, como a poda, o uso de adubação equilibrada e o controle adequado de irrigação.
Para minimizar o impacto da bienalidade e tornar a produção mais estável, muitos produtores optam por técnicas como o manejo de diferentes variedades de café, que têm ciclos de produção distintos, ou o uso de práticas agrícolas que promovem a saúde e o equilíbrio da planta ao longo de todo o ano.
Além disso, a bem conhecida “floração abundante” em um ano e a “queda de produção” no seguinte também são influenciadas pela intensidade e regularidade das condições climáticas.
Variáveis como a quantidade de chuva, a temperatura e a quantidade de luz solar afetam diretamente o comportamento da planta, podendo potencializar ou suavizar os efeitos da bienalidade.
Considerações finais: o que aprendemos sobre o café
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Tentamos apresentar, de maneira clara e concisa, tudo o que você precisa saber sobre o café, abordando diversos aspectos dessa bebida tão apreciada no mundo inteiro.
Primeiramente, aprendemos que o grão de café provém de um fruto, e a planta responsável pela sua produção é o cafeeiro (ou pé de café).
O cafeeiro pertence à família Rubiaceae, conhecida popularmente como a “família do café”, e faz parte do gênero Coffea, que inclui diversas espécies.
As três principais espécies de café são Coffea arábica (o café arábica), Coffea canephora (café robusta) e Coffea liberica (café libérica ou excelsa), sendo as duas primeiras as mais relevantes para a produção comercial de café.
O desenvolvimento do cafeeiro está intimamente ligado às condições climáticas. Temperaturas adequadas e uma quantidade de chuvas bem distribuídas são fundamentais para o crescimento saudável da planta e a produção dos frutos.
Esses frutos, chamados cerejas de café, podem variar em cor, sendo geralmente vermelhos ou amarelos, dependendo da espécie cultivada.
Dentro de cada cereja de café estão as sementes, que, após a colheita, passam por processos de beneficiamento para preparar os grãos para o consumo.
Esse processo inclui a remoção da casca e a torrefação, que é o que transforma o grão verde em café como conhecemos, seja em grãos inteiros ou moído.
Esperamos que esse conteúdo tenha sido informativo e útil! Fique à vontade para deixar seus comentários e sugestões para que possamos continuar aprimorando nosso material.
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