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Kopi luwak: café mais caro do mundo feito de cocô? 

Kopi Luwak é o café mais caro do mundo feito de cocô, ou seja, ele é produzido a partir dos grãos ingeridos e excretados pelo civeta, um pequeno mamífero encontrado no Sudeste Asiático. 

Esses grãos passam por um processo de fermentação natural no sistema digestivo desses animais, que altera as suas propriedades e confere um sabor único à bebida, suave e menos amargo.

Após a coleta das fezes, os grãos são higienizados, torrados e vendidos a preços altíssimos, tornando o Kopi Luwak um dos cafés mais exclusivos do mundo.

É considerado uma iguaria rara e luxuosa, que pode custar até R$14.700,00 o quilo. 

Mas, por trás dessa fama, há também questões éticas e ambientais envolvendo a produção desse café, que muitas vezes explora e maltrata os animais.

Neste artigo, vamos contar tudo o que você precisa saber sobre o Kopi luwak, desde a sua origem, o seu processo de produção, o seu sabor, o seu preço e os seus impactos. 

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Civetas: mamíferos que adoram café cereja

As civetas são mamíferos carnívoros da família dos viverrídeos, encontrados em diversas regiões da África e do Sudeste Asiático. 

Esses animais possuem um corpo esguio, patas curtas e garras afiadas, características que os tornam excelentes escaladores. 

Sua pelagem varia entre tons de marrom e preto, com manchas brancas e uma cauda anelada. 

Além disso, apresentam uma máscara facial semelhante à de um guaxinim, o que lhes confere uma aparência marcante.

Uma das peculiaridades das civetas é a presença de glândulas anais que secretam uma substância chamada almíscar, usada para marcar território e amplamente utilizada na indústria de perfumes devido ao seu aroma forte e persistente.

Embora sejam classificadas como carnívoras, as civetas são na verdade onívoras e possuem uma dieta diversificada, incluindo frutas, insetos, anfíbios, répteis, aves, pequenos mamíferos e até carniça. 

Entre os frutos que consomem, destaca-se o café cereja, especialmente entre algumas espécies asiáticas. 

Quando ingeridos, os grãos de café passam por um processo de fermentação no trato digestivo da civeta, perdendo parte da acidez e adquirindo um sabor mais suave. 

Após serem excretados, os grãos são coletados, higienizados e torrados para produzir o Kopi Luwak, um dos cafés mais caros e raros do mundo.

As civetas possuem hábitos noturnos e solitários, sendo mais ativas durante a noite para evitar predadores. 

São animais altamente adaptáveis e podem viver em diferentes habitats, incluindo florestas tropicais, savanas e até áreas urbanas. 

Apesar de não estarem globalmente ameaçadas de extinção, algumas populações enfrentam riscos devido à destruição de seu habitat e à exploração comercial para a produção do Kopi Luwak. 

Muitas civetas são mantidas em cativeiro em condições precárias, forçadas a consumir grandes quantidades de café-cereja, o que compromete seu bem-estar e saúde.

Atualmente, existem seis subespécies reconhecidas de civetas, e pesquisadores continuam estudando sua biologia e comportamento. 

Esses animais desempenham um papel ecológico importante como dispersores de sementes, contribuindo para a regeneração das florestas onde habitam.

Cheiro da civeta e o mundo do perfume

Além de sua curiosa relação com o café, as civetas também desempenham um papel histórico na perfumaria de luxo. 

A secreção extraída de suas glândulas anais, conhecida como almíscar de civeta, é amplamente utilizada na fabricação de fragrâncias devido à sua capacidade de fixar e intensificar outros aromas.

O cheiro natural da civeta é forte, intenso, doce e licoroso, podendo lembrar tabaco. 

No entanto, em sua forma pura e seca, essa secreção tem um odor animálico penetrante e até repulsivo, com notas de amônia, urina e castóreo (substância retirada das glândulas do castor).

Quando diluído em pequenas doses, porém, o almíscar da civeta revela uma ampla gama de tonalidades olfativas, proporcionando profundidade, calor e sensualidade às fragrâncias. 

Seu efeito fixador permite que os perfumes durem mais tempo na pele, tornando-o um ingrediente valioso na perfumaria clássica.

O uso da secreção da civeta na perfumaria remonta à antiguidade, sendo particularmente valorizado no Oriente Médio e na Europa desde a Idade Média. 

O nome “civeta” deriva do árabe zabad, que se refere tanto à substância extraída quanto ao seu aroma.

Perfumes icônicos, como Chanel No. 5 e Shalimar, da Guerlain, já utilizaram almíscar de civeta em suas composições para conferir um toque de sofisticação e intensidade.

Atualmente, devido a preocupações com o bem-estar animal, a extração do almíscar da civeta é considerada uma prática controversa, pois muitas civetas são mantidas em cativeiro em condições precárias para a obtenção dessa substância. 

Como alternativa, a indústria da perfumaria tem desenvolvido compostos sintéticos que imitam o cheiro da civeta sem a necessidade de exploração animal, garantindo a continuidade do uso dessa nota olfativa sem impactos negativos à fauna.

O cheiro da civeta continua sendo um elemento importante na perfumaria, seja por meio de suas formas naturais ou sintéticas. 

Sua capacidade de enriquecer e prolongar fragrâncias faz com que sua influência permaneça viva no universo dos perfumes até os dias de hoje.

Existem civetas no Brasil?

Não, não há civetas no Brasil.

As civetas são mamíferos nativos da África e do Sudeste Asiático, onde habitam florestas tropicais, savanas e áreas próximas a assentamentos humanos.

No Brasil, elas nunca foram introduzidas, nem são mantidas em cativeiro para a produção de almíscar ou café.

Embora não existam civetas no país, há um café brasileiro que passa por um processo semelhante ao Kopi Luwak: o café do jacu.

O jacu é uma ave nativa da Mata Atlântica que se alimenta dos frutos do cafeeiro, ingerindo os grãos e eliminando-os inteiros em suas fezes.

Assim como no caso das civetas, o processo digestivo altera as características dos grãos, resultando em um café raro e especial.

Diferente do Kopi Luwak, cuja produção muitas vezes envolve o confinamento de civetas em cativeiro, o café do jacu é um produto sustentável, pois os grãos são coletados na natureza, sem impacto negativo para os animais.

Essa abordagem tem tornado o café do jacu uma alternativa ética para os apreciadores de cafés exóticos.

Para saber mais sobre o café do jacu, acesse o post Café jacu: como é feito, preço e onde encontrar um dos cafés mais caros do mundo.

Kopi luwak: nome do café produzido pela civeta

O kopi luwak é o nome dado ao café produzido com grãos ingeridos e excretados pela civeta asiática.

O termo vem do idioma indonésio, onde kopi significa “café” e luwak refere-se à civeta-de-palmeira-asiática, um pequeno mamífero encontrado em países como Indonésia, Filipinas e Vietnã.

Essas civetas se alimentam das cerejas de café mais maduras, e, durante a digestão, as enzimas presentes em seu estômago alteram a composição química dos grãos, reduzindo a acidez e conferindo um sabor mais suave e encorpado.

Após serem excretados, os grãos são coletados, higienizados e torrados, resultando no café kopi luwak, um dos mais raros e caros do mundo.

Embora apreciado por seu sabor diferenciado, esse café tem gerado controvérsias devido à prática de manter civetas em cativeiro para aumentar a produção, o que levanta preocupações sobre o bem-estar animal.

Processo fermentativo: saiba como é feito o café de civeta

O processo de fermentação que ocorre no sistema digestivo da civeta é crucial para a transformação do sabor dos grãos de café.

Quando a civeta ingere as cerejas de café, os grãos passam por um processo digestivo que envolve a ação de enzimas naturais presentes no estômago do animal.

A primeira etapa ocorre no estômago, onde os grãos são fermentados devido ao contato com os sucos gástricos e ácidos digestivos.

Esse processo reduz a acidez e a adstringência dos grãos, amaciando seu sabor.

Durante a digestão, a polpa das cerejas de café é digerida, mas os grãos, envoltos em sua casca, permanecem praticamente intactos.

No intestino da civeta, o processo continua, com as enzimas e os ácidos promovendo uma mudança nas características dos grãos.

O sabor do café começa a ser moldado aqui, à medida que as substâncias presentes no trato digestivo da civeta alteram os compostos fenólicos e lipídicos dos grãos.

Após a excreção dos grãos, estes são coletados e lavados cuidadosamente para remover quaisquer resíduos antes de serem secos ao sol e torrados.

O resultado é um café com um sabor mais suave, encorpado e menos amargo, com notas que podem lembrar chocolate, frutas secas e especiarias.

A redução da acidez e a complexidade do perfil de sabor tornam o kopi luwak um café único e altamente valorizado.

Este processo, que envolve tanto a ação das enzimas digestivas quanto as condições naturais do sistema digestivo da civeta, é o que confere ao kopi luwak seu caráter tão distinto, tornando-o um dos cafés mais caros e raros do mundo.

No entanto, a produção desse café também levanta questões éticas devido ao tratamento das civetas em cativeiro, onde muitas vezes são mantidas em condições desumanas para garantir uma produção constante.

Isso tem gerado um movimento crescente em busca de alternativas mais sustentáveis e éticas, como a coleta dos grãos excretados naturalmente, sem a exploração de animais em cativeiro.

Quem descobriu o café de civeta?

A origem do café de civeta não é totalmente clara, mas acredita-se que sua descoberta tenha ocorrido há cerca de 200 anos, durante o período em que os colonizadores holandeses começaram a cultivar café nas ilhas de Java, Sumatra e Sulawesi, atualmente parte da Indonésia.

Essas ilhas são o habitat natural das civetas, que, ao se alimentar das cerejas de café maduras e doces, ingeriram os grãos, mas não os digeriram completamente.

Os grãos, ainda revestidos pela casca, eram excretados intactos nas fezes das civetas. Inicialmente, os produtores de café provavelmente notaram que esses grãos tinham um sabor peculiar e diferenciado.

Curiosos, eles começaram a coletá-los e processá-los, observando que o processo digestivo alterava as propriedades dos grãos, resultando em um café mais suave, menos ácido e com um perfil de sabor único.

Assim, sem intenção, esse café raro e exótico foi descoberto e, com o tempo, tornou-se muito valorizado, não apenas pelo seu sabor distinto, mas também pela raridade de sua produção, o que o tornou um dos cafés mais caros do mundo.

Principais países produtores do café de civeta

Os principais países produtores de café de civeta estão localizados no Sudeste Asiático, uma região que oferece o habitat ideal para as civetas, como Indonésia, Filipinas, Timor-Leste e, em menor escala, Vietnã.

A Indonésia é o maior produtor desse tipo de café, especialmente nas ilhas de Sumatra, Java, Bali e Sulawesi, onde as civetas habitam as florestas e consomem as cerejas de café maduras.

As condições climáticas e geográficas dessas ilhas favorecem tanto o cultivo do café quanto a presença das civetas, tornando o processo de produção mais comum e acessível.

Além da Indonésia, as Filipinas e Timor-Leste também têm regiões específicas dedicadas à produção de café de civeta, embora em menor escala.

Esses países compartilham características semelhantes, como clima tropical e diversidade de fauna, o que possibilita a criação desse café raro e muito valorizado no mercado internacional.

A produção do café de civeta, no entanto, é trabalhosa e envolve a coleta cuidadosa dos grãos excretados pelas civetas, o que aumenta o custo e a raridade do produto.

Embora as práticas de produção variem, a preocupação com o bem-estar das civetas tem gerado discussões sobre práticas sustentáveis e éticas nesse mercado.

Quem são os maiores compradores de café de civeta?

O café de civeta, também conhecido como Kopi Luwak, é um produto de luxo raro e caro, e sua demanda está concentrada principalmente em mercados sofisticados ao redor do mundo. 

Os maiores compradores desse café são, em sua maioria, consumidores de países com alta renda per capita e um mercado de cafés especiais, como os Estados Unidos, Japão, países da Europa e, mais recentemente, algumas nações do Oriente Médio.

Nos Estados Unidos, cidades como Nova York e Los Angeles são grandes centros consumidores desse café exótico, onde cafeterias de luxo e colecionadores de cafés raros buscam oferecer aos seus clientes a experiência única de saborear um dos cafés mais caros do mundo. 

O Japão, conhecido por sua cultura apreciadora de cafés especiais, também é um grande mercado para o Kopi Luwak, com uma demanda crescente por produtos exclusivos e de alta qualidade.

Na Europa, países como a Inglaterra, França e Alemanha são notáveis compradores, especialmente em locais sofisticados de cafés e hotéis de luxo. 

Em Londres, por exemplo, o Kopi Luwak é servido em algumas das mais renomadas cafeterias e é frequentemente encontrado em menus de restaurantes estrelados.

Além disso, compradores do Oriente Médio, especialmente de países como Emirados Árabes Unidos e Qatar, têm mostrado um crescente interesse por cafés de alta gama, incluindo o Kopi Luwak, tanto em cafeterias especializadas quanto em mercados de luxo. 

Nestes lugares, o café de civeta se tornou um símbolo de status e exclusividade.

Esses mercados são atraídos não apenas pela raridade e preço elevado do Kopi Luwak, mas também pelo apelo de um café com um processo de produção único, que oferece uma experiência sensorial rara e valorizada entre os apreciadores de cafés finos.

Saiba quanto custa uma xícara do café exótico

O Kopi Luwak é produzido a partir dos grãos de café que são ingeridos, parcialmente digeridos e excretados pelas civetas.

Esse processo de fermentação natural altera as propriedades dos grãos, conferindo ao café um sabor suave, aveludado e único, o que o torna não apenas raro, mas também extremamente caro.

Uma xícara de Kopi Luwak pode custar entre 20 e 100 dólares em locais como Londres e outras cidades sofisticadas, onde esse café é considerado um verdadeiro luxo.

No Brasil, o preço do quilo desse café varia entre 1.200 e 1.600 reais, dependendo da qualidade, da origem e da exclusividade do lote.

A raridade do processo de produção e o cuidado na coleta dos grãos contribuem para o seu alto custo, além da demanda crescente por essa bebida exótica.

Problemas relacionados à produção do café de civeta

A produção do café de civeta enfrenta sérios problemas, principalmente de ordem ética e sanitária. 

Para atender à crescente demanda por esse café raro e caro, muitas civetas são capturadas e mantidas em cativeiro. 

Nessas condições, os animais são frequentemente alimentados à força com grandes quantidades de cerejas de café, uma prática que causa sofrimento físico e psicológico. 

As civetas são privadas de sua alimentação natural e de sua liberdade, vivendo em espaços pequenos e inadequados, o que gera estresse e compromete sua saúde.

Além disso, o cativeiro aumenta o risco de transmissão de doenças zoonóticas, que são doenças que podem ser transmitidas de animais para seres humanos. 

Um exemplo alarmante é a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que teve origem em civetas infectadas e levou à disseminação de um vírus mortal. 

O contato próximo entre humanos e civetas também pode facilitar a transmissão de outras doenças, como a leptospirose e a tuberculose.

Outro problema sanitário envolve o processo de coleta dos grãos excretados, que pode ocorrer em condições insalubres. 

O contato com fezes contaminadas ou o armazenamento inadequado dos grãos aumenta o risco de contaminação do produto final, afetando a qualidade e a segurança do café.

Em resposta a essas questões, alguns produtores têm buscado alternativas mais éticas e sustentáveis, como a coleta de grãos que caem naturalmente das árvores, sem recorrer ao cativeiro das civetas. 

Essa prática não só elimina os problemas éticos, mas também garante a produção de um café mais seguro e livre de contaminações.

Onde comprar o café de civeta

No Brasil, o café de civeta pode ser encontrado principalmente em lojas online especializadas em cafés raros e exóticos.

Diversos sites de e-commerce e plataformas como Mercado Livre, Amazon e lojas de cafés gourmet oferecem o Kopi Luwak.

Antes de fazer a compra, é importante garantir que o produto seja original.

A autenticidade do café de civeta pode ser verificada por meio de certificações ou pelo histórico do fornecedor.

Prefira comprar de estabelecimentos conhecidos e confiáveis, que forneçam informações claras sobre a origem do café e seu processo de produção.

Isso não só assegura que você está adquirindo um café genuíno, mas também evita a compra de produtos falsificados ou que não atendem aos padrões de qualidade.

Além da compra online, alguns cafés e lojas especializadas em produtos gourmet também podem oferecer Kopi Luwak para quem deseja experimentar essa bebida rara e sofisticada.

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